Empresário carioca projeta a expansão da mágica no Brasil e vê nos cassinos o próximo motor do entretenimento
O palco da mágica brasileira nunca esteve tão iluminado. Com artistas premiados no exterior, espetáculos lotados e crescente presença em programas de TV, o ilusionismo vive um momento de virada no país. O movimento acontece em paralelo à expansão das apostas esportivas e dos jogos online, que já movimentam bilhões e antecipam a chegada de uma nova era de entretenimento regulamentado no Brasil. Para Henri Sardou, empresário e estrategista à frente do Grupo Harry, esse cenário é apenas o início de um ciclo ainda maior. “A mágica está conquistando o público e o mercado. O próximo passo é estruturar o setor como indústria criativa e econômica de verdade”, afirma.
Descendente do dramaturgo francês Victorien Sardou e parente do cantor Michel Sardou, Henri carrega a veia artística no DNA. Iniciou sua trajetória nos palcos em 1994, com teatro universitário, e mais tarde se envolveu com a produção cultural na Universidade Gama Filho, onde coordenou o Núcleo Integrado de Teatro e Educação. Em 2005, trocou a ribalta pelo mistério do ilusionismo, filiando-se ao Círculo Brasileiro de Ilusionismo. O fascínio pela mágica evoluiu para um olhar de negócios: em 2015, fundou a HoraagaH!, primeira agência digital do país dedicada ao segmento, embrião do que viria a ser o Grupo Harry.
Hoje, o grupo atua como um ecossistema completo para o desenvolvimento sustentável da mágica no Brasil. Reúne o portal Adoro Mágica, principal veículo de jornalismo e crítica sobre ilusionismo; a Contrate um Mágico, agência de talentos que representa nomes como Felipe Barbieri, Bernardo Sedlacek e Lucas Toledo e Gui Del Frate; e a Harry Digital, agência de publicidade e produtora especializada em branding e estratégia digital para artistas. Em 2025, o grupo superou R$ 500 mil em faturamento e projeta R$ 1 milhão para 2026.
O nome “Harry”, explica Sardou, é uma homenagem direta a Harry Houdini, ícone do escapismo e da construção de marca no showbusiness. “Houdini entendia que cada apresentação era uma narrativa. Ele foi o primeiro a fazer marketing pessoal no entretenimento, e essa visão estratégica é o que aplicamos hoje no digital”, diz. Inspirado por esse legado, Sardou desenvolveu um método próprio de crescimento para artistas, baseado em posicionamento, conteúdo proprietário, relações públicas e funis digitais. A associação também ecoa um apelido frequente: por sonoridade, Henri acaba chamado de “Harry”, apelido que virou assinatura de marca.
Mas o olhar do empresário vai além da gestão. Para ele, o próximo salto estrutural do ilusionismo no Brasil está ligado à regulamentação dos jogos de azar. O projeto, em tramitação no Congresso, prevê a abertura de até 33 cassinos licenciados no país até 2028. “Cassinos, em mercados maduros, investem pesado em entretenimento como alavanca de retenção. Las Vegas, Macau e Punta del Este mostram isso há décadas. No Brasil não será diferente. O ilusionismo entrega alto impacto cênico com custo eficiente, perfeito para uma programação contínua”, analisa.
Segundo estimativas do Grupo Harry, o setor de ilusionismo movimenta cerca de R$ 100 milhões por ano, somando espetáculos, eventos e produções corporativas. É uma fatia modesta diante dos R$ 130 bilhões anuais do mercado de eventos, o que indica um vasto espaço para crescimento. “A mágica ainda é sub-representada como linguagem artística, mas o potencial é extraordinário. Nosso foco está na profissionalização, marketing especializado e produtos escaláveis”, conclui.
A visão de Henri reflete uma nova geração de empreendedores criativos que unem arte e estratégia de negócios. Sob sua liderança, o Grupo Harry tem se posicionado como uma ponte entre criação, audiência e mercado, transformando a mágica em uma indústria de experiências culturais de alto impacto.