Entre a dor e o alívio, o amor e a ausência, o real e o imaginário, Hud Cunha constrói — com lirismo e honestidade — uma ponte entre extremos em O Tratado dos Opostos. A obra, que mergulha nas contradições humanas, apresenta uma coletânea de poesias escritas como quem costura as próprias feridas, na tentativa de reconstruir-se pela palavra.
Logo nas primeiras páginas, o autor confessa: “Nas páginas seguintes, você encontrará uma coleção de poesias que escrevi para juntar meus próprios pedaços. Não há reconstrução sem morte, logo é preciso exorcizar a dor vivendo-a.” Essa afirmação é o fio condutor de um livro que entende a escrita como um ato de sobrevivência e transcendência — um mergulho profundo na alma de quem sente demais.
Os versos de Hud Cunha transitam entre a introspecção e o grito contido, revelando uma consciência aguda sobre o existir. Em “Vivo num transe entre as coisas”, o poeta se coloca entre fronteiras: “Uma linha tênue entre sentimentos e ações.” Há, nesse limiar, uma busca constante por sentido — como se o eu poético tentasse decifrar o mundo e a si mesmo ao mesmo tempo.
A sensação de incompletude aparece em poemas como Quase vivi, / Quase fui feliz, onde a vida parece se desenrolar em tons de quase — como se o tempo estivesse sempre à beira do acontecer. Hud Cunha fala de amor e medo, de entrega e contenção, mas sobretudo, fala da luta por autenticidade em um mundo que cobra máscaras.
Em meio a essa dualidade, o amor se ergue como tema central — ora sagrado, ora terreno. “Todo grande amor é fraterno”, escreve o poeta, para logo depois confessar: “O grande amor é feito para as grandes emoções.” É nesse embate entre ideal e carne, pureza e desejo, que o autor constrói sua mais intensa tensão poética.
Mas se o amor é conflito, a arte é salvação. “O que é a arte senão a invenção de sentimentos?”, pergunta o poeta, reafirmando a poesia como espaço de tradução do indizível. Em O Tratado dos Opostos, arte e vida se confundem — uma tentando explicar a outra, sem jamais conseguir por completo.
Hud Cunha apresenta, assim, uma obra de fôlego e introspecção, que convida o leitor a abraçar suas próprias contradições. Em tempos de excessos e superficialidade, O Tratado dos Opostos é um convite ao mergulho: um espelho que reflete nossas ambiguidades e uma voz que sussurra, em meio ao caos, que ser inteiro é aceitar-se dividido.

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Sobre o autor
Hudson Cunha, mais conhecido como Hud, tem 33 anos. Carioca criado em São Paulo e filho de pais nordestinos, carrega em sua história o valor da família, das amizades e da cultura. Executivo com trajetória sólida no mundo corporativo e mestre em Psicologia Organizacional, Hud também é apaixonado pelas artes, literatura e filosofia.
A escrita sempre esteve presente como caminho de cura e autoconhecimento, e a arte — em suas múltiplas formas — orienta sua forma de se relacionar, de trabalhar e de transformar contextos.
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Por @cibelelelsurentino – escritora