A maioria de nós já está cansado de saber como seria se um asteroide atingisse a Terra. Já vimos em dezenas de filmes e séries os efeitos catastróficos a nível global, cenas impressionantes de destruição, com incríveis efeitos especiais. Nessa jornada, já se foram mais de duas décadas desde que fomos familiarizados com esse tema.
Mas e se um asteroide relativamente pequeno atingisse uma área específica, com efeitos localizados, mas potencialmente destrutivos? E se isso ocorresse num país instável como o Brasil, na era de polarização política, ideológica e religiosa em que vivemos, em um evento que abriria uma ferida profunda na maior economia do país, tendo como fundo um cenário de destruição e morte?
É disso que o novo livro do escritor brasileiro Renato Ribeiro trata, de forma desconfortavelmente verossímil, apresentando cenários reais, com o máximo de detalhes possível. O título é Desolação, e ambienta a tragédia nas cidades do interior do estado de São Paulo. A obra traz tanto a carga emocional e a crueza da tragédia, quanto as dores e os traumas de seus personagens, abordando temas pesados, mas necessários: como abuso emocional, saúde mental e a capacidade de lidar com traumas profundos.
A trama gira em torno da advogada Mônica Novaes Quitete, jovem e bem sucedida, mas que de uma hora para outra se vê envolta numa névoa densa de tensão e desespero, ao ver as pessoas que ama serem brutalmente afetadas pela tragédia. Ela é o centro de força e fé diante disso tudo.
O autor retrata com muitos detalhes a reação do Governo Federal diante da queda de um asteroide de 200 metros em território nacional, mostrando o quão impotente fica diante de centenas de milhares de mortes e uma destruição massiva. Comentários sobre o realismo extremo e incômodo da obra mostram um lado necessário na discussão dos temas que o livro aborda de forma tão aberta.
Responde perguntas como: quais são efeitos na fauna e na flora? Como afeta a economia? Existe o perigo de contaminação? O que pode ser feito para mitigar isso? E o centro de discussão e tomada de decisões estratégicas apresenta para o leitor o Comitê Permanente de Gestão de Crises, criado durante a pandemia para casos extremos de segurança e saúde públicas.
A obra não se preocupa em incomodar com detalhes minuciosos e a tragédia, quando chega, vem de forma crua, súbita e violenta, representando a desolação macro e micro, ao focar no drama de sobrevivência dos personagens.
A narrativa é fluida e linear, sem se preocupar em aliviar o leitor. Cada capítulo é um retrato dos sentimentos de cada um e de como são afetados por algo que não podem controlar: a própria Mãe Natureza.
“Desolação” está disponível nas plataformas UICLAP e Amazon. Se gosta de ficção científica e drama psicológico, então prepare o seu coração e percorra as páginas desse que tem sido descrito como um livro “tenso, denso e cheio de fortes emoções”.