A magia da hora do conto no processo de alfabetização infantil

Por Kênia Adriana Dias Gonzatti
No universo da educação infantil, poucas práticas encantam tanto quanto a hora do conto. Mais do que um simples momento de leitura, essa atividade carrega um enorme potencial pedagógico. Ao ouvir histórias, as crianças não apenas se divertem, mas desenvolvem habilidades fundamentais para a alfabetização, como a ampliação do vocabulário, o estímulo à imaginação e o prazer pela leitura.
Especialistas como Lev Vygotsky e Paulo Freire defendem que a linguagem e a interação social são essenciais no desenvolvimento do pensamento infantil. Vygotsky afirma que o aprendizado acontece a partir da relação com o outro, enquanto Freire reforça que a criança primeiro “lê o mundo” antes de ler palavras – e é justamente nesse contexto que a hora do conto se torna tão poderosa.
Contar histórias vai muito além de entreter. É um momento de escuta atenta, encantamento e troca afetiva entre educadores e alunos. Quando bem conduzida, a prática estimula a compreensão textual, o raciocínio lógico e até a produção oral e escrita. Muitas vezes, após ouvirem uma história, as crianças se animam a recontá-la, dramatizá-la ou criar novos finais – um verdadeiro exercício criativo e linguístico.
Além disso, a exposição a diferentes gêneros textuais desde cedo amplia a bagagem cultural dos pequenos e facilita o reconhecimento de estruturas linguísticas, fortalecendo o processo de alfabetização. A hora do conto também contribui para a criação de memórias afetivas em torno da leitura, despertando o interesse por livros e formando, assim, futuros leitores críticos e apaixonados.
Diante de tantos benefícios, é preciso repensar o espaço que a hora do conto ocupa nas salas de aula. Não deve ser vista como uma simples pausa ou recreação, mas como uma estratégia pedagógica rica e necessária. Investir na formação dos educadores para mediar histórias com sensibilidade e propósito é um passo essencial para garantir uma alfabetização mais significativa e prazerosa.
Porque, no fim das contas, toda criança merece viver a magia de uma boa história — e aprender com ela.
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