Versinho Lilás, de Ana Lúcia Franco

Um mergulho poético na infância e no encantamento

A obra poética Versinho Lilás, de Ana Lúcia Franco, se destaca pela sensibilidade com que explora a infância, a natureza e o amadurecimento, oferecendo ao leitor uma experiência literária delicada e profunda. Organizada em pequenos poemas distribuídos em capítulos, a narrativa funciona como constelações temáticas, conduzindo o leitor por um fluxo sensorial e reflexivo que transita do individual ao coletivo, do interior ao exterior.

Os versos, majoritariamente curtos e livres, muitas vezes sem pontuação, refletem o ritmo natural da fala e do pensamento infantil. Com essa estrutura, a autora transforma experiências cotidianas em momentos de encantamento: jardins, pequenos insetos, pessoas e gestos simples ganham uma dimensão extraordinária através do olhar atento da criança.

A obra desenvolve temas centrais como a valorização da infância como estado de plenitude, a imaginação criadora, a relação com a natureza, o amadurecimento, a busca por autenticidade e autoconhecimento, e a memória afetiva entre gerações. Ao longo dos poemas, observa-se a transformação do ordinário em experiências poéticas e significativas, incentivando o leitor a cultivar um olhar ético e sensível sobre o mundo.

A linguagem de Ana Lúcia Franco combina simplicidade e densidade. Metáforas, personificações e comparações enriquecem os versos, enquanto sonoridade, aliterações e rimas internas evocam o ritmo das cantigas e brincadeiras infantis. O uso de diminutivos e a disposição visual dos versos aproximam o leitor do universo infantil sem simplificar sua complexidade.

Os personagens, como Aninha, Brubru, Fred, Maria e as “figurinhas”, representam diferentes facetas da experiência humana e infantil. Eles permitem reflexões sobre crescimento, autonomia, curiosidade, ética e memória afetiva, mostrando como a infância se integra à maturidade de forma harmoniosa e poética.

Destaque especial vai para os poemas que tratam de jardins e pequenas criaturas, que convidam à observação atenta e à valorização do que costuma passar despercebido. O poema final, com a pergunta “Por que a gente cresce?”, encerra a obra de forma aberta, sugerindo que o crescimento envolve unir a capacidade infantil de questionar e se maravilhar à experiência adulta de enfrentar os mistérios da vida.

Em suma, Versinho Lilás é um convite à redescoberta do mundo pelos olhos da criança que fomos e que, de certo modo, permanecemos. É uma obra que encanta leitores de todas as idades, estimulando a sensibilidade, a reflexão e a capacidade de se maravilhar com o cotidiano. Adquira a obra:

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Andar descalço, pode
pode andar no barro
pintar a parede, pode
de toda cor, se quiser
desenhar bonito, pode
pode borrar também
fazer tudo direito, pode
errar um pouco também.
Não pode e pode pode pode
mais pode que não pode
não precisa sempre acertar
para ser amado:
o verdadeiro amor sabe
dos erros também.

 

Sobre a autora:

Ana Lúcia Franco tem formação em direito e filosofia, é editora da Stella Editorial, mas o que sabe mesmo de si é que sempre amou ler e escrever, desde que se entende por gente.

Tem um monte de poemas escritos, guardados em gavetas,papéis avulsos, pendrives. Agora é hora de compartilhá-los.

Conheça a autora:

 

Por:@cibelelaurentino – escritora

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