Medo na escola, proteção em forma de ‘pai’: o depoimento que desafia o escândalo

Uma voz já doce, agora embargada, se ergue em meio a um turbilhão global de acusações. A jovem influenciadora encontra nos próprios sentimentos o impulso para transformar o silêncio em palavra — e a emoção, em força. Ela rompe, com dignidade, o véu do medo que a afastou da sala de aula e reafirma que o homem acusado em seu entorno representou, para ela, mais do que um mentor: foi uma figura protetora, quase paternal.

Confessando timidez diante das críticas que a cercam, a adolescente compartilha com clareza a dor que a fez se distanciar dos bancos escolares. Uma frase dita por um companheiro de sala — “pelo menos eu não tenho uma vida de aliciador de menor” — foi o gatilho para que ela, com silêncio, optasse por não retornar às aulas. A consequência é visível: isolamento, o envio de tarefas como único vínculo com o aprendizado e o coração apertado diante da simples perspectiva de frequentar espaços compartilhados.

Mas, apesar do medo, ela não hesita em reafirmar quem foi o Hytalo Santos em sua vida. Não o acusa: pelo contrário, faz questão de dizer que ele nunca fez uso de exploração em relação a crianças. Para ela, ele foi presença, carinho, um porto seguro. Mais do que isso: foi amor e proteção quando ela ainda era apenas uma menina em busca de reconhecer seu brilho. “Ele me ajudava em todas as coisas de que eu precisava… Ele não faz nada disso que estão falando”, diz ela, com convicção emocionante.

E há mais: o apoio foi material e emocional. Ele não só lhe proporcionou moradia, um quarto para sua mãe, um espaço próprio com maquias, skincare e roupas — itens que simbolizavam um sonho de criança —, como também construiu com ela o que define como “uma família”. Vestindo até hoje a camisa dele quando dorme, revive os momentos vivos e apaga, ao mesmo tempo, o peso dos dias difíceis.

Por trás da imagem de influenciadora, há uma menina que sofreu bullying, mas que também foi extraordinariamente dedicada aos estudos, tendo passado em todos os trimestres sem nunca repetir. Ainda assim, o ambiente escolar deixou de ser refúgio, convertendo-se em terreno hostil. Tímida, mas resiliente, ela busca acompanhar o conteúdo remotamente, na esperança de retomar — quando se sentir segura — a vida escolar plena.

O quadro é, portanto, complexo: uma adolescente que admite ter pausado seus estudos por medo, e que, ao mesmo tempo, defende quem, segundo ela, foi pai, amigo e cuidador, agora envolvido em graves desgaste público. Ela reclama não por réu, mas por justiça à própria experiência, tão legítima quanto controversa.

A narrativa dela nos convoca a refletir sobre os caminhos da denúncia, da confiança e da infância exposta. Também escancara a urgência de criar espaços seguros para adolescentes que, por alguma razão, perdem o direito à normalidade — ao estudo, à proteção, à voz. Pode existir verdade em mundos opostos? A resposta talvez vá além dos tribunais, e se encontre nos gestos de afeto que desafiam o silêncio do medo

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