O ator Rainer Cadete e seu filho Pietro lançam na Bienal de São Paulo, pela Mood, novo selo do Grupo Ciranda Cultural, livro com experiências vividas de respeito e encorajamento
Sessão de autógrafos 14/09, sábado, às 14h, estande C50
Olhares de surpresa denunciam a todo instante em nossa sociedade o racismo estrutural herdado da escravidão e manifestado sob diversas formas de intolerância e de desigualdade. Rainer e Pietro Cadete, pai e filho narram nesse livro escrito a quatro mãos, os desafios enfrentados em suas vivências diárias, cada um à sua maneira, e como, em seus respectivos lugares de fala, procuram se defender ou se fortalecer diante de atitudes racistas dissimuladas e não menos cruéis quando explícitas sem filtros. Uma travessia de amor, descobertas e respeito mútuos onde as diferenças passam a ser inspiradoras.
“Nasci com a pele manchada com a cor do racismo”
Pietro é fruto de uma relação amorosa de pais de colorações diferentes; Rainer é branco e Aline, a mãe, retinta. Em suas narrativas Pietro conta ao leitor como foi construindo sua consciência de cor, de raça e de lugar numa sociedade pautada pela ideologia do branqueamento.
“A primeira vez que me chamaram de macaco foi em uma aula de matemática, numa quarta-feira. Impossível esquecer a data. Um colega de sala sacou uma foto de um macaco, enfiou o dedo na minha cara e disse “Olha, Pietro, não sabia que você escalava tão bem”. Pietro ficou sem reação embora o seu corpo manifestasse o sentimento da exclusão.
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Pietro tinha pouco mais de três anos quando me perguntou: “Papai, eu sou negro?”.
Fiquei em alerta. Eu não sabia por que ele estava me fazendo aquele tipo de pergunta. Não sei se eu tinha maturidade e consciência da importância do assunto na vida dele para responder. Fiz como minha intuição mandou. “Sim, você é negro”, confirmei. Falei que ele era fruto do amor entre o pai branco e a mãe negra. Que ele vivia numa família composta de membros de diferentes raças e que havia herdado tanto características minhas quanto da mãe dele.
Um sinal se acendeu em minha mente. Sempre tive consciência das dificuldades de um negro em nossa sociedade. E agora eu estava diante do meu filho, do maior amor da minha vida, que ainda não tinha idade para compreender as dificuldades que teria, mas já questionava sua cor.
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Mesmo sabendo que não poderia amenizar ou até mesmo evitar a dor de seu filho, Rainer agia como pai sendo solidário, amoroso e apontando caminhos para que Pietro se sinta valorizado e construa sua identidade baseada em confiança.
Escrito com os corações abertos, “Olhares que Filtram” é um duo consistente de resiliência e de amor entre pai e filho e ressalta a importância da família na formação de uma consciência antirracista.
Rainer Cadete é ator. Começou a carreira ainda adolescente, no teatro, no início dos anos 2000. No fim da década, teve os primeiros trabalhos na Globo, nas novelas Caras & Bocas (2009) e Cama de Gato (2009). Após participações em outras produções, ganhou destaque em Amor à Vida (2013), no horário nobre.
O sucesso veio na pele do maquiador Visky de Verdades Secretas (2015), que lhe rendeu prêmios. Depois, esteve em Êta Mundo Bom! (2016) e A Dona do Pedaço (2019). No mesmo período, participou da Dança dos Famosos, do Domingão do Faustão, em 2016, e do Super Chef Celebridades, do Mais Você, em 2018.
Em paralelo à carreira na TV, também tem vários trabalhos no cinema e no teatro. Em 2021, ele integra o elenco da segunda temporada de Verdades Secretas, para o Globoplay.
Foi casado por dois anos com a atriz Taianne Raveli, entre 2015 e 2017. Ele é pai de Pietro, fruto de um relacionamento anterior.
Editora: Mood
Autor: Rainer Cadete, Pietro Cadete
Páginas: 96
Faixa Etária: + 14 anos
Preço R$ 39,90
O selo Mood chega ao mercado na 27ª Bienal de São Paulo, que acontece entre 06 e 15 de setembro, no Anhembi, em São Paulo.
Coordenado por Samara Buchweitz vêm somar às três principais linhas editoriais do grupo; Ciranda Cultural, Principis e Ciranda na Escola, que embora abranjam uma gama temática centrada na diversidade e no alcance a diversos públicos, ainda não dialogavam especificamente com o público jovem e com influenciadores dispostos a contar suas histórias.
O selo Mood, criado e coordenado por Samara Buchweitz, autora da casa do livro Coisas que Guardei pra Mim, um dos mais vendidos da editora, é centrado no nicho editorial Young Adult, para geração de leitores e autores jovens que buscam em estilos variados e tramas diversas ligação entre ler e encontrar a própria identidade, descobrir o outro e descobrir-se, entender as provações e desafios dessas etapas da vida.