A otoplastia, cirurgia plástica que remodela o formato e a posição das orelhas para corrigir assimetrias e melhorar a harmonia do rosto, deixou de ser um procedimento associado apenas à infância ou a casos clínicos específicos e passou a ser cada vez mais procurada por adultos que desejam aprimorar sua aparência e autoestima. A tendência acompanha um movimento global de valorização da naturalidade e do equilíbrio estético e já movimenta consultórios e centros cirúrgicos em todo o país.
“O que antes era visto como uma cirurgia corretiva voltada apenas a casos funcionais ou a traumas, hoje é uma aliada poderosa para quem busca equilíbrio entre beleza e bem-estar. A otoplastia não transforma a identidade do paciente, mas ajuda a realçar seus traços naturais e a melhorar a proporção facial”, afirma o cirurgião plástico Rafael Zatz, especialista em orelhas que atende crianças e adultos, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da International Society for Auricular Reconstruction (ISAR).
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento expressivo na procura por procedimentos voltados à região facial. Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) mostram que o país realizou mais de 3 milhões de cirurgias estéticas em 2023, muitas delas relacionadas ao rosto e às orelhas. Esse crescimento acompanha tendências observadas em diversos países e está diretamente ligado ao uso intensivo de redes sociais, selfies e videoconferências, que ampliam a percepção sobre traços e proporções.
“O paciente adulto muitas vezes não busca uma mudança radical. Ele quer olhar no espelho e se reconhecer, mas com um equilíbrio maior entre os elementos do rosto. A correção do formato ou da projeção das orelhas pode proporcionar esse resultado de forma natural e duradoura”, explica Rafael Zatz.
Além dos ganhos estéticos, a otoplastia também pode ter impacto significativo no bem-estar emocional. Em muitos casos, a aparência das orelhas é motivo de incômodo desde a infância, e a decisão de realizar a cirurgia traz melhora expressiva na autoconfiança e na forma como a pessoa se apresenta ao mundo. Com o avanço das técnicas cirúrgicas e o uso de recursos de imagem e planejamento digital, os resultados são cada vez mais previsíveis e personalizados. O pós-operatório costuma ser simples, com recuperação gradual e resultados definitivos.
O crescimento dessa demanda ainda está relacionado ao envelhecimento populacional e ao fortalecimento da saúde mental como parte essencial do bem-estar. “A autoestima hoje é considerada parte da saúde. Corrigir algo que sempre incomodou pode ter impacto direto na confiança, na vida social e até na carreira profissional”, pontua o especialista.
A exposição de celebridades que passaram pelo procedimento também tem contribuído para a popularização da otoplastia. No Brasil, nomes como Anitta, Carla Perez, Fiorella Mattheis, Vanessa Giácomo, Gusttavo Lima, Juliano Cazarré, a top model Alessandra Ambrósio e o zagueiro do Flamengo Léo Pereira já revelaram ter realizado a cirurgia para corrigir orelhas proeminentes, destacando o impacto positivo na autoestima.
No exterior, artistas como Demi Lovato, Ben Stiller e Paul Stanley, do Kiss, também falaram sobre a decisão de ajustar o formato das orelhas e os benefícios estéticos e emocionais obtidos. Esses relatos têm ajudado a desmistificar o procedimento e a mostrar que ele pode ser um aliado tanto da aparência quanto da autoconfiança.
Segundo Rafael Zatz, a decisão de realizar a otoplastia deve ser tomada com orientação médica e expectativas realistas. “É essencial procurar um cirurgião plástico com formação adequada e credenciado por sociedades reconhecidas. O diálogo transparente entre médico e paciente é fundamental para alinhar objetivos e entender os riscos e limites do procedimento”, orienta.
O cirurgião plástico lembra ainda que, como em qualquer cirurgia, complicações são possíveis e o acompanhamento profissional é indispensável. “Com planejamento cuidadoso, a otoplastia pode ser uma experiência transformadora. Mais do que estética, ela oferece a chance de conquistar equilíbrio facial e mais qualidade de vida”, conclui Rafael Zatz.