Rastros de uma Tragédia na Literatura de Victor Leandro: Escritor amazonense lança livro sobre os acontecimentos de 14 de janeiro de 2021, em Manaus

A obra “Catedral dos Mortos” propõe uma memória coletiva e crítica dos eventos que marcaram a cidade

Na capital do Amazonas, Manaus, o dia 14 de janeiro de 2021 ficou marcado como uma das datas mais sombrias da história recente da cidade. Naquele dia, o completo desfacelamento do sistema de saúde se materializou de forma trágica, com pessoas morrendo nos hospitais por falta de oxigênio hospitalar. Uma tragédia que ecoou em todo o país, e que agora ganha um registro literário na obra “Catedral dos Mortos”, escrita por Victor Leandro, professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

A narrativa de “Catedral dos Mortos”, publicada pela Editora Transe e disponível para compra na Livraria Nacional, localizada no Centro de Manaus, vai além do relato fatual. O livro busca capturar, por meio de quatro trajetórias que se desenrolam ao longo daquele dia fatídico, o sentimento de dor e aflição que tomou conta da cidade de Manaus e seus habitantes. É um claro lembrar que, ao contrário do que se propaga amiúde, a história dessas vidas devastadas não pode ser jamais esquecida.

Nesse dia, centenas de pessoas morreram em casa, na rua, nos corredores e nas enfermarias dos hospitais por falta de oxigênio hospitalar, tornando-o o momento mais horrível da pandemia de Covid-19 no Brasil.

Victor Leandro, através de sua narrativa ficcional, busca recuperar o dor e o sofrimento das pessoas que foram vítimas diretas e indiretas da pandemia. O escritor seguiu e anotou, pacientemente, as histórias de seus personagens, criando um registro literário que busca dar voz à tragédia.

A pandemia de Covid-19 instaurada no Brasil desde dezembro de 2019 deixou marcas em diversas famílias pelo país, mas em Manaus, a crise do oxigênio ocorrida em 14 de janeiro de 2021 se tornou um símbolo do caos que se abateu sobre a cidade. Victor Leandro, ao escrever “Catedral dos Mortos”, visa criar uma memória coletiva e crítica desses acontecimentos.

“A literatura é sempre uma maneira de lutar contra o esquecimento, para evitar que se apague aquilo que é importante lembrar, a fim de que não se repita. A realidade precisa da arte justamente para compensar o mundo e abrir perspectivas. Considerando o contexto de Manaus, penso ser isso algo necessário, em especial na construção de uma memória coletiva saudável e ao mesmo tempo crítica”, aponta o autor.

Além do conteúdo, “Catedral dos Mortos” chama a atenção pelo seu acabamento artesanal, resultado de uma parceria entre o autor e a editora Transe. Luana Aguiar, proprietária da editora, enfatiza que a confecção artesanal de livros é uma forma de arte por si só, e que cada exemplar carrega um valor humano e artístico importante.

“A ideia é romper com uma forma tradicional de se fazer livros. Cada livro é feito individualmente, com tempo e cuidado, trazendo à vida a figura do artesão”, relata a editora.

Fundada em 2020, a Editora Transe adota o modelo de fabricação artesanal, concentrando-se em realizar cada confecção de forma única. A tiragem limitada a 100 exemplares demonstra o compromisso com a qualidade artesanal e o valor humano atribuído a cada projeto.

Os autores que desejarem publicar suas obras com a Editora Transe podem entrar em contato através do e-mail editora.transe@gmail.com para solicitar um orçamento ou dúvidas claras. A editora promove uma abordagem única à publicação de livros, reforçando o valor da literatura como uma forma de preservar a memória e a experiência humana em momentos críticos da história.

Em tempos de pandemia, a obra de Victor Leandro e a abordagem da Editora Transe destacam-se como uma contribuição significativa para a literatura brasileira e como uma forma de manter viva a memória dos eventos que marcaram profundamente a cidade de Manaus em 14 de janeiro de 2021

SOBRE O AUTOR
Victor Leandro é graduado em filosofia pela UFAM e doutor em sociedade e cultura na Amazônia pela mesma instituição. Em 2011, recebeu o prêmio nacional Luiz Ruas, destinado ao melhor ensaio sobre literatura, pela obra O norte impossível – ficção memória e identidade em narrativas de Milton Hatoum. Publicou em 2020 a obra O artista do fracasso, pela Editora Saramago, bem como a novela Estocolmo, esta pela Editora Transe. É professor de filosofia na Universidade do Estado do Amazonas.

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