Um jogo que vai muito além do simples passatempo, é uma excelente oportunidade para transmitir conhecimentos, valores e saberes ancestrais aos nossos estudantes.
Vivian Viegas é uma professora dedicada e pesquisadora engajada, com um profundo compromisso com a promoção da igualdade e da diversidade no ambiente escolar. Mestre e doutoranda em Educação pela PUC/SP, seu foco de pesquisa permeia a diversidade como um todo, com ênfase em gênero, raça e preconceito.
Vivian Viegas também é formadora de Mancala Awelé pela SME de São Paulo, demonstrando sua extrema habilidade em disseminar práticas pedagógicas antirracistas, inovadoras e inclusivas. Trata-se de um jogo de semeadura, de origem africana, com mais de 200 variações, com um imenso potencial pedagógico, extremamente significativo na promoção de uma educação antirracista e decolonial nas escolas, conforme previsto em legislações como a Lei nº 10.639/03 e a Lei nº 11.645/08.
“Pensando em jogos como importante meio de transmissão cultural nas sociedades antigas, o jogo Mancala é considerado um dos mais antigos jogos de tabuleiro da humanidade, conhecido como o “pai dos jogos”. Um jogo que vai muito além do simples passatempo, é uma excelente oportunidade para transmitir conhecimentos, valores e saberes ancestrais aos nossos estudantes. São diversas as competências envolvidas num jogo, desde a formação pessoal, social e até conhecimentos específicos no sentido mais pedagógico como desenvolvimento do raciocínio lógico e abstrato; exercitar o pensamento estratégico, aprender a tomar decisões e a buscar saídas para situações desafiadoras; aprender a agir e interagir em grupo, entre outras potencialidades. Ao jogar, o estudante não apenas observa e escuta, mas age, produz, enriquece os esquemas perceptivos (visuais, auditivos e sinestésicos) e operativos (representação, análise, memória, imaginação, lateralidade), além de também desenvolver a psicomotricidade.
Ao introduzir um jogo de matriz africana, a escola proporciona o reconhecimento e a valorização dos conhecimentos sistematizados da história, da filosofia e cultural africana, combatendo a narrativa hegemônica que frequentemente marginaliza as culturas africanas, aprender sobre o Mancala, um artefato cultural de prestígio, jogado pela realeza africana e com raízes profundas permite um contato positivo com a África, contribuindo para a construção de uma identidade valorizada e um sentimento de pertencimento. Inserir o Mancala no território do saber é um excelente ponto de partida para discussões culturais mais amplas e críticas, pois é através dessa valorização que se fortalece a educação antirracista, pilar indispensável para uma sociedade equânime”, explicou a professora Vivian Viegas.